quarta-feira, 22 de setembro de 2010

PROFESSORES e PROFESSORES!!

RECUPERADO DE SANATÓRIOS GERAIS 
http://nelbjr.blog.uol.com.br/arch2007-04-01_2007-04-07.html
Nelson Barbosa Jr - Abril/2001

           No início desse segundo milênio recebi uma mensagem muito interessante. Humm, interessante foi acabar de descobrir que além de eu ser do século passado, também sou do milênio passado. Bom, ... e como professor, fui obrigado a vestir a “carapuça”.

Sempre no início de cada ano letivo, tento alterar meu processo de transmissão de conhecimentos e, por diversas vezes, acabo desistindo. Muito em razão da forte relutância por parte dos alunos e, também, por não querer interferir no livre arbítrio, comum a todo ser humano, inclusive, aos próprios “alunos”.

Aprendi que deveria dividir minhas aulas em duas partes: uma básica, mecânica e sem nenhuma atividade cerebral competente onde, simplesmente, relato o conteúdo da matéria, procurando explicar alguns pontos, por vezes, obscuros. Assim, faço a felicidade daqueles que gostam da chamada “decoreba” e que, de tão acostumados a esse processo fisiológico, impedem-me de tentar alterá-lo. Numa segunda etapa, procuro incentivar o raciocínio, a curiosidade, a praticidade e a aplicabilidade daqueles mesmos conceitos informados na primeira parte da aula. É claro que a sala não continua tão cheia assim, mas com o público restante, posso me deliciar debatendo e vendo aflorar vários e inigualáveis processos mentais.

Por essa razão e, tendo em mente que esse problema não é exclusivamente meu, resolvi transcrever a mensagem que me foi enviada e cujo texto era assinado por um professor de nome Patrick Wajnberg. 

O texto informava sobre a revisão de uma prova de Física, que o autor fora convidado para servir de árbitro.O aluno recebera a nota “zero” e contestava tal conceito. 

A não ser que estivesse sofrendo uma “conspiração” do sistema educacional, alegava que merecia a nota máxima. Professor e aluno concordaram em submeter o problema a um juiz imparcial e o professor Patrick foi o escolhido.  

A única questão da prova dizia: “Mostrar como podemos determinar a altura de um edifício bem alto, com o auxílio de um barômetro”.

A resposta do estudante clara e objetiva: “Leve o barômetro ao alto do edifício e amarre-o a uma corda. Desça-o até a calçada e em seguida meça o comprimento de corda utilizada”. 

Sem dúvida era uma resposta interessante e, de certa forma correta, pois satisfazia o enunciado. Por instantes o juiz convidado vacilou quanto ao veredicto, mas recompondo-se, disse ao estudante que ele tinha fortes razões para obter a nota máxima, já que havia respondido a questão completa e corretamente, entretanto, se ele tirasse a nota máxima, estaria caracterizada a aprovação para uma questão de física, porém, a resposta não confirmava isso.  

 Foi sugerido então, que ele fizesse outra tentativa para responder a questão, mas desta vez, teria que utilizar algum conhecimento de Física, já que era este o objetivo da prova e que, teria seis minutos para apresentar a resposta. Tanto o aluno, quanto o professor, concordaram com o desafio.

Passados cinco minutos o aluno ainda não havia escrito nada, apenas olhava para o teto como se estivesse absorto em outros pensamentos. O juiz aproximou-se e perguntou ao aluno se ele queria desistir, mas surpreendeu-se quando ele informou que já tinha a resposta e como eram tantas, estava decidindo qual seria a melhor.   O professor juiz se desculpou e deixou que o aluno utilizasse seu último minuto como bem entendesse. 

Prazo terminado os dois professores verificaram a resposta que dizia: “Vá até o alto do edifício, incline-se em uma das pontas do telhado e solte o barômetro medindo o tempo de queda desde a largada até o toque com o solo. Utilize a fórmula h = ½gt2 e calcule a altura do edifício”.
           O professor juiz perguntou ao colega se este estava satisfeito com a resposta. Muito a contragosto, talvez com uma ponta de inconformismo, concordou em conferir a nota máxima à questão.  Problema resolvido, a curiosidade fez com que o professor juiz inquirisse o aluno a respeito das “muitas” respostas que ele havia dito possuir para a questão apresentada.

 - Ah! Sim. - Disse o aluno. – Há muitas maneiras de se achar a altura de um edifício com ajuda de um barômetro.

Perante a perplexidade dos dois professores o aluno continuou: - Por exemplo, num belo dia de sol pode-se medir a altura do barômetro e o comprimento de sua sombra projetada no solo, bem como a do edifício. Depois, usando uma simples regra de três, determina-se à altura do edifício. 

Um outro método básico de medida, aliás, bastante simples e direto, é subir as escadas do edifício fazendo marcas na parede, espaçadas da mesma altura do barômetro. Contando-se a quantidade dessas marcas, podemos obter a altura do edifício em “unidades barométricas”. 

Um método mais sofisticado seria amarrar o barômetro na ponta de uma corda e balançá-lo como um pêndulo, determinando a aceleração da gravidade, no alto do edifício e no solo. A partir destas duas medidas e de sua diferença pode-se, a princípio, calcular a altura do edifício. 

Também, se não fosse cobrada uma solução utilizando-se de conceitos de Física para resolução, poderia-se ir até o Sindico do prédio e entregar o barômetro de presente, caso ele informe a altura do edifício.  Existe outra que...

A esta altura, o professor juiz interrompeu o estudante e perguntou se ele não sabia qual era a resposta esperada para o problema.   

Ele admitiu que sabia sim, mas estava tão farto com as tentativas de controle do seu raciocínio e a cobrança de respostas prontas com base em informações mecanicamente arroladas, que resolveu contestar aquilo que considerava uma grande farsa.

É, meu caro colega, por mais difícil que seja, de nossa profissão é esperado que possamos, além de transmitir conhecimentos, procurar incentivar o raciocínio, a criatividade, a curiosidade e o gosto pela resolução de problemas. 

Devemos nos ater e supervisionar, em especial, o ensino básico e médio, para que no futuro, possamos mudar essa mentalidade “robotizada”, não só dos alunos, mas principalmente dos professores de hoje em dia. 

Um “grande” professor é aquele que apaixona seus ouvintes, é aquele que vê, em seu aluno, uma extensão e continuidade de seus conhecimentos, é aquele que tem como meta, finalidade, objetivo de vida, desenvolver o processo mental de seus ouvintes em gênero, número e grau.

Não concordo que hoje em dia não existe mais espaço em sala de aula  para o chamdo "professor show", na verdade,  o que está em extinção são os professores que possuem a capacidade de dar um "show" em sala de aula e, prospera os medíocres que, como seus alunos, se possuem a capacidade de "male e mal" recitar textos de livros.

Este é um alerta a todos que têm como objetivo o seu próprio desenvolvimento e de seus “pupilos”.

Ah! Se depois de tudo isso, você não se interessou em saber qual seriam as outras respostas e, até mesmo, a resposta esperada para o problema, acho melhor reavaliar seus métodos de cátedra e, pricipalmente, seu método de vida.


Nelson Barbosa Jr.
Abril/2001

2 comentários:

  1. Ótima reflexão.
    O texto Relato de professor é excelente. Já usei em sala de aula.

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  2. Ótima reflexão.
    O texto Relato de professor é excelente. Já usei em sala de aula.

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