segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Desequilíbrio - ONE


 Bem... Vejamos!! Segundo a teoria psicanalítica, a “vida” é causada por um desequilíbrio. Não a sua ou a minha, mas a de todos nós??!!

Imagine você lá (seja esse “lá”, onde quer que esse “lá” for), numa “boa”, numa “nice”, sem ser nada, sem contar para pagar, sem congresso corrupto e, ainda por cima,  fazendo a mesma coisa, ou seja, nada! Que maravilha, sô!

Você, simplesmente, não “é”, ainda! E, não sendo, não precisa ser o que ainda não é! Entendeu?? Pois lembre-se, só erra que faz. Quem não faz, não erra!

Mas, de repente, alguma coisa faz com que você, saia deste estado equilibrado e caia no desequilíbrio. É, foi assim e por isso que você veio ao mundo. O nascimento é o desequilíbrio de energia que faz com que você saia do seu sossego e nasça nesse nosso mundinho.

Incrível isso, não? Você passou de um estado inanimado para um estado animado! E, infelizmente, o seu desprazer já se iniciou...

Freud fala em Lust e Unlust (Prazer e Desprazer). Pulsão de Vida e Pulsão de Morte. Mas, não se preocupe, não é nada tão macabro assim!

Segundo a sua teoria (não a sua, a dele, Freud) , você está em um estado “equilibrado”. Ou seja, aquele estado “chato”, que nem fede nem cheira, uma “morgação” total. Aí, vem alguma coisa e te dá um encontrão. Você se desequilibra e entra em um estado de desprazer. Tenta retornar ao equilíbrio inicial e, quando enfim consegue, isto te dá prazer (lust).

Mas, como conseguir esse prazer sem se desequilibrar, ou sem ter desprazer (unlust)?  Segundo ela (a teoria) e ele (Freud), “desencane” que isso não é possível! Quer ter prazer, vai ter que ter desprazer antes. Não.. Não é complicado não. É o desprazer que gera o desejo e, sem desejo,você nunca encontraria o prazer. Podemos até supor que o desprazer é algo até melhor que o prazer... Gente!! Isso está começando a ficar muito intrigante!

Então vamos a um caso prático. Quando você está com fome, uma sensação de desprazer começa a incomodá-lo, vai aumentando, aumentando, até que se torne insuportável. Se nesse momento você satisfaz sua vontade comendo, entra em equilíbrio e como recompensa, recebe grátis um montão de prazer. Senão não comer, morre e, sabe-se lá, o que vai acontecer com isso. Segundo a teoria, você terá seu último prazer. Bom, pelo menos nesta forma que você é hoje!

É que nesse processo de equilíbrio, há uma descarga energéticas que disparam endorfinas e mais um montão de outros hormônios que te deixarão “relachadão”, “gostosão”, “bãozão” e cheio de prazer para dar (Opss! Para dar, não! O prazer vai ser todo absorvido e metabolizado pelo seu próprio organismo, não sobrando nem uma “titica” sequer de prazer para contar a história. O organismo é mesmo muito egoísta quando se trata de prazer).

Para entender a teoria, você precisa imaginar uma caixa d’água com uma divisão ao meio, como se fosse um dique. A água começa a encher somente um dos lados e esse lado vai enchendo, enchendo, enchendo e forçando o dique até começar a transbordar. Antes que transborde, o “dique” se rompe e a água em excesso passa para o outro lado, equilibrando-se em toda a caixa d’água. É nesse momento, o do equilíbrio, que acontece a sensação de prazer, porém, imediatamente o “dique” é recomposto e a água começa a esvaziar de um lado e encher do outro, levando a um novo desequilíbrio e conseqüentemente, uma nova sensação de desprazer. E assim, sucessivamente.

E isso tudo, acontece, da mesma forma, com tudo que vivemos ou com tudo aquilo que somos, apesar, de em alguns casos, infelizmente sermos o que somos!

O desejo é resultante de um estado de desprazer que é um desequilíbrio (vou ficar repetindo prazer = equilíbrio, desprazer = desequilíbrio, até que seu prazer apareça) e, o prazer, o  resultado do equilíbrio, que volta a se desequilibrar para depois equilibrar-se de novo e assim, passamos do desprazer para o prazer e do prazer para o desprazer, voltando a fazer tudo de novo, e o tempo todo! Ufa... Haja atividade...

Felizmente ou infelizmente, vivemos a vida desse jeito, completando com prazer e descompletando com desprazer. Ê vidinha...

Achamos que temos um “vidão”, mas na verdade, a vidinha é isso aí e, só isso! Prazer e desprazer!

Um dia me perguntaram por que tem gente que vive uma vida, que alguns podem   considerar “sofrível” e vivem rindo, enquanto aqueles que vivem uma vida, digamos,  “maravilhosa”, estão sempre reclamando.

Bom, em primeiro lugar, “sofrível” e “maravilhosa” depende muito do referencial. O que é bom para você, pode não ser bom para mim! O que é importante para mim, pode não ser importante para você e etc. Mas, estas sensações são sentidas em muito, pela  quantidade, qualidade e freqüência do prazer gerado. Se o desequilíbrio é pouco, o retorno ao equilíbrio é fácil e, talvez, freqüente! Qualquer “coisinha” já faz com que você nivele as energias e tenha prazer, mas se o desequilíbrio é grande, o retorno ao equilíbrio começa a ser mais complicado e, algumas vezes, até raro.

Também tem aquela coisa do desejo ou querer impossível, improvável ou impossibilitante e que, nunca será alcançado, mas isto já é doentio e, acredito que o prazer destas pessoas está, simplesmente, em estar em desprazer, e  que, no caso, também é prazer! Nossa... Louco esse negócio, hem??

Tem também, aqueles em que o prazer está em causar desprazer aos outros. É claro que também é doença. Parafraseando Shakespeare, guardar ressentimento, ter ódio ou raiva,  é como tomar veneno desejando que a outra pessoa morra! Louco isso também.... Mas, é prazer! E prazer é prazer, seja ele de que forma venha... (“Também”! Não consigo deixar uma seqüência impar de “tambéns”! Xii... outra vez: “também final...”). Meu médico disse que tenho TOC! Toc..toc... Mané! Quem é??

Piada isso!! Eu lá tenho TOC. Eu tenho é TAB! ... CAPS LOCK, CTRL, ALT e um montão de outras teclas....


Opa!! Já me perdi.

Voltando para o assunto. TOC é Transtorno Obsessivo Compulsivo e TAB, transtorno afetivo bipolar. Acontece que nem todo TOC tem TAB, mas todo TAB... Esquece... O assunto não era esse!!!

Estávamos falando  de Lust e Unlust. Favor não me interromper mais... Então. nossa vida é somente isso, uma busca ao desprazer para conseguir o prazer.

Imaginem um nenezinho que começa a chorar de fome (desprazer). A mamãe, já se arrepia só de pensar em dar o seio para que a criança mame, pois dói, resseca, racha e, às vezes, até sangra (desprazer). Mas, a criança está com fome e o leite materno é seu único alimento. Então a mãe pega a criança e a alimenta até que ela (criança) fique satisfeita e comece a revirar os olhinhos de tanto prazer (a fome = desequilíbrio = desprazer / a alimentação,  fome saciada = equilíbrio = prazer). E assim, aquele serzinho volta a parecer um “anjo” de tanta candura com as bochechas rosadas e um ar de satisfação de dar inveja. (e haja prazer...).

Nesse caso, ela (a mãe) tem também uma sensação de prazer porque, primeiramente, a criança parou de chorar (choro de criança = desprazer), a segunda, por que ela (a mãe novamente) cumpriu sua função de “mãe alimentante” (prazer social) e, por último, porque o seio  está livre de mais uma mamada dolorosa (agora, muuuito prazer, totalmente físico!). E o “também” impar só na primeira frase??

 Se liga, não tenho TOC (Mas de qualquer forma, coloquei mais um, então é par).

Infelizmente esse estado durará até a próxima mamada... (Acredito que se, Coca-Cola resolvesse o problema, nenhuma mãe iria querer amamentar seus filhos) E, que eu bem saiba, Coca-Cola limpa até a alma.....

A partir deste princípio de prazer e desprazer,  Freud determina a Pulsão de vida (Eros) e a Pulsão de morte (Tânatos). Em síntese, a pulsão de vida é o desequilíbrio e a pulsão de morte, é o retorno ao equilíbrio.

Estranho né? Porém, o desequilíbrio gera do desejo e, esse desejo, segundo Freud, é  sexual (Lembre-se, para Freud, sexual não é a mesma coisa que genital, como várias pessoas confundem).

A energia é tipicamente sexual, pois é ela que impulsiona o indivíduo, desde o seu nascimento, a desenvolver-se para finalizar todo esse processo com a geração de um outro indivíduo, ou, um novo ser.  Por isso ele a chama de sexual. Mas no processo de maturação do indivíduo, pervertemos o fisiologismo e aprendemos a ter prazer e a usar essa energia para ter prazer com outras coisas. A energia sexual pode ser direcionada para qualquer atividade, inclusive, a genital, mas não a utilizamos somente para isso, pois, se assim o fosse, nossa civilização não existiria. (E ainda tem gente que acha que vive só pra isso)

O corpo tem também (vou ficar só em um “disso”, e parar com esse negócio senão você vai acreditar que tenho mesmo TOC) outras necessidades, sejam elas fisiológicas ou psíquicas que, as vezes, dão mais prazeres do que esse negócio de “sexo por sexo”.

A pulsão de morte, ao contrário, é retornar ao estado de “não ser”. Ao estado inanimado que foi desequilibrado pelo nascimento do indivíduo. Ou, em outras palavras, e no nosso contexto, ao equilíbrio das necessidades fisiológicas e/ou psíquicas.

Temos “n” necessidades, porém, reuni tudo nesse princípio psicossomático (psico =  alma, mente e soma = corpo), pois tudo envolve somente isso mesmo, tenha o nome que tiver!

É uma luta interminável entre o “estar” equilibrado e o “desequilibrar-se”, para se obter equilíbrio e, conseqüentemente, prazer! É preciso, sempre,  buscar o outro lado da moeda, para se ter o lado que se quer!

Quê qué isso??

Recapitulando!!

Para se ter alguma coisa, é preciso buscar a outra, inversa a esta! (que profundo!!!!) Hum..Isso já está parecendo teoria de mecânica quântica. Parei aqui!!

Nossa eterna busca, será sempre a do prazer e, paralelamente, do desprazer até que, esse prazer seja o último e retornaremos ao nosso estado inicial de inatividade.

Ou seja, aproveite seu desprazer, pois a tendência é que ele não dure muito! E o prazer... Bom, o prazer também não vai durar muito, mas sei lá, né??! Não sei o tipo de doido você é, só sei o tipo de doido que eu sou e, definitivamente e pela última vez, não tenho TOC, mesmo isso parecendo TOC!!!

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