sábado, 5 de setembro de 2009

GRIPE A - Ainda estou preocupado!


Fico preocupado, e muito, com a manipulação das informações veiculadas pelos órgãos governamentais, estadual, federal e, principalmente, mundial.

Até julho deste ano, a referência utilizada por Estados e pela Federação era a taxa de letalidade, calculada com base nos óbitos e nos casos confirmados de gripe suína. No entanto, após recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde), a referência passou a ser a taxa de mortalidade, que considera o percentual de taxa de mortalidade calculada pelo número de 100 mil habitantes, ou seja, essa taxa agora é baseada nos censos e estimativas populacionais.
Essa mudança ocorreu, segundo a OMS, em razão da dificuldade de se calcular a taxa de letalidade por causa do número acentuado de multiplicação dos casos da gripe suína.
Mas como se calcula essa taxa?
Vejamos:
(número de óbitos relatados/(número estimado de habitantes / 100.000))
Ou seja, ao obter o quociente da divisão do número estimado de habitante por cem mil, utilizamos esse quociente para ser o divisor do número de óbitos. Assim, obtêm-se a famosa Taxa de Mortalidade por 100 mil habitantes.
Ora, a OMS utiliza-se de fórmulas semelhantes a esta, para calcular estatísticas de mortalidade no mundo, porém (e me corrijam se eu estiver errado) todos os índices que pesquisei são calculados com base em 1000 habitantes, mas a Gripe A, tem sua taxa referencia em 100 mil habitantes. Estranho!
Outra coisa. Ela (OMS), referendada por órgãos da Federação e Estados, informa que “por causa do acentuado números de casos e sua multiplicação, alterou a forma de apresentar os números de óbitos, pela dificuldade em se calcular a taxa de letalidade”.
Hum... Eu, como leigo que sou, precisaria do número absoluto de óbitos para calcular uma taxa de mortalidade, ou seja, independente da forma que se utilize para apresentar o resultado de qualquer taxa, o número de óbitos deverá estar presente, ou a OMS tem outras teorias científicas que aboliram os conceitos matemáticos básicos?
Exemplo:
Esta semana, noticiou-se que o Estado do Paraná, se fosse um país, teria a maior taxa de mortalidade do mundo (1,95 pessoas por um grupo de 100 mil habitantes). Bem, segundo o informado, o Paraná tem estimado, 10.686.247 habitantes para 209 óbitos.
Segundo minha fórmula: (209 / (10.686.247 / 100.000)
(10.686247 / 100.000) = 106,86247
(209 / 106,86247) = 1,9557848 (taxa por 100 mil habitantes)
Bom, utilizando-se matemática básica, para se obter a taxa de mortalidade, ainda é necessário o número efetivo de óbitos e, em minha opinião, a mudança na forma de divulgação dos dados, com certeza, possui outros interesses.
Segundo o diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde Brasileiro, Eduardo Hage, a nova forma de divulgação passará a priorizar o número de mortes na sua relação com a população total, ou a relação da taxa de mortalidade com os casos graves registrados. Até o momento, era divulgado o número de mortes em relação ao número total de casos confirmados da Influenza A.
... "[Esse conceito] é importante porque permite verificar se está morrendo mais gente no Brasil do que em outros países. Ou dentro do país, se está morrendo mais gente em um local do que outro. A forma de comparar é pelo tamanho da população"...
(http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL1241601-16726,00.html)
Balela... Pura e grande BALELA!!!
A OMS tenta incutir o seguinte pensamento: Se você ganha R$1.000,00 e sofre uma perda de R$900,00, você tem uma taxa de perda de 90%, ou seja, você perdeu quase todo o seu dinheiro. Porém, se você ganha R$10.000,00 e também perdeu R$900,00, sua taxa de perda agora, é de apenas 9%, uma ninharia! Se ganha R$100.000,00, a taxa é irrisória, 0,9% do total, matematicamente falando, quase nada! Mágica? Não, apenas manipulação de informação.
Com números absolutos você também saberia se está morrendo mais gente no Brasil do que no resto do mundo e ainda, teríamos parâmetros de comparação e avaliação, coisa que esse novo tipo de cálculo e forma de apresentação acabou tirando de nós. O que se perdeu não foram os números, foi o seu direito a informação clara, precisa e objetiva!
Você sabe, tem noção e consegue estimar mentalmente o que é perder R$900,00, pois isso são conceitos do seu dia-a-dia. Mas você saberia quanto é perder 1,95% do dinheiro que está no seu bolso? Pode ser nada, um valor irrisório e desprezível, mas isso vai depender de quanto você têm em seu bolso. Se no seu bolso couber milhões, esse valor deixa de ser tão irrisório assim. Melhor ainda, que tal perder 900 MRB (Moeda chinesa Ren Min Bi (jên min bi) - a moeda do povo)? Ou ainda, 1,95% de 900 MRB? Se perdeu?? Essa foi minha intenção e é a intenção dos Governos, simplesmente fazer com que nós nos percamos em tantos cálculos.
É... A vida é assim mesmo! Ninguém pode dizer que haja supressão de informações. A informação está aí, no seu jornal diário, nas pesquisas, nos “sites” da internet. Está tudo informado para fazermos o que quisermos com a informação, porém, essa informação não é clara e, se não é clara, seus resultados também podem ser manipulados.
Caso não se queira dar uma idéia imediata, clara e objetiva de montantes quantificadores, simplesmente muda-se a fórmula de cálculo ou a forma de apresentar a informação. Cabe a nós, realizarmos uma engenharia reversa para chegarmos às conclusões realistas e, como é sabido que ninguém vai ficar calculando informação a todo hora, assim, os dados reais tornam-se obscuramente protegidos.
Quem, em sã consciência, entrará em pânico por apenas 1,98% (por cento = 100), imaginem 198 por 100.000 (cem mil). Besteira!
Coisa pouca é bobagem...
No momento, também perdi a noção entre a relação do número total de mortes em relação ao número total de casos relatados mundialmente, pois, os “sites” internacionais onde ainda era possível obter esses dados individualmente, também estão somente informando percentuais baseados nas taxas de mortalidade por 100.000 habitantes.
Minhas últimas informações davam conta de, no Brasil, 1.193.000 casos suspeitos, 45.320 casos confirmados com exames laboratoriais e, 740 mortes. No mundo, 317.042 de casos confirmados em laboratório e, 3.360 mortes e, segundos esses dados, estávamos muito perto dos números absolutos americanos (47.957 casos confirmados) e se aproximando ao dobro em números de mortes (593 mortes nos EUA). Em comparação com o México, temos o dobro de casos (México – 21.664 casos confirmados) e quase quatro vezes mais mortes (México – 199 mortes).
A única coisa que ando percebendo, são que os dados começaram a se embaralhar. Antes, todas as fontes tinham informações compatíveis, com diferenças entre elas menores do que 0,1%, menos de 100 casos divergentes. E isso se devia ao momento do recolhimento dos dados. Hoje, virou uma Babel. Nenhuma informação pode ser comparada com outra. A pandemia está agora, nos órgãos informativos que perderam todo seu referencial.
reais. Esses estão guardados a 7 chaves. Nem sei se a OMS possui esses dados, já que muitos países deixaram de informá-los precisamente. O que me preocupa é com relação aos cuidados que a população deveria tomar. Já percebemos um relaxamento nos cuidados diários. Os volumes de vendas de álcool gel começaram a cair, a população não está mais com medo de freqüentar lugares amontoados e isso, é o resultado imediato do cerceamento de informações. Segundo dados que não posso contestar, a gripe A está em declínio e se isso for verdade, ao invés de representar alívio, deveria representar maior preocupação, pois, se o vírus tem DNA compatível com o da Gripe Espanhola, teremos uma segunda onda e esta sim, semelhante a segunda onda de 1918 poderá ser arrasadora, pois estaremos com nossa imunidade mais baixa, com o vírus mais resistente e, pelo “andar da carruagem”, sem nos preocuparmos com os cuidados de higiene implementado nos últimos meses.
Para os céticos, gostaria de lembrá-los que essa gripe se alastrou pelo hemisfério norte quando lá era verão, daqui há três meses, bem no provável epicentro de uma segunda onda, inicia-se o inverno.
Espero estar errado, mas só o tempo dirá...

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